Os católicos prestam culto de veneração aos santos canonizados da igreja. Cabe esclarecer, que o termo veneração vem do termo grego dulia, significa respeito, admiração. Mas o que seria canonização dos santos?
“Canonização é o reconhecimento definitivo pelo qual a Igreja declara que alguém viveu exemplarmente a fé, participa da glória celeste, prescrevendo que lhe seja prestada a veneração pública. Uma pessoa não é santa porque a Igreja canoniza, mas a Igreja canoniza porque ela é santa. A igreja pelo magistério solene e universal do Papa reconhece a santidade de seus membros e Filhos.” *
Esse respeito pelos santos, pelas pessoas que viveram o evangelho de forma exemplar é uma pedagogia que nos fortalece para que sejamos também nós santos. Mas o que é ser santo?
“Ser santo é viver o amor puro a Deus e aos irmãos... O martírio constitui o cume da santidade, porque faz do cristão um seguidor de Jesus Cristo, até o ponto de deixar entregar a vida e deixar derramar o sangue como testemunho por Ele. Santos são, enfim, todos aqueles que viveram o evangelho e se encontram na casa do Pai.”*
Desde os primeiro séculos os cristãos prestam culto aos santos. Desde as primeiras comunidades cristãs que se presta culto aos mártires da fé. No início bastava o reconhecimento da comunidade para se iniciar o culto de veneração, mas com o tempo a Igreja exigiu um procedimento mais detalhado, e a canonização passou a ser feita pelo Papa. “Na perfeição dos santos, em primeiro lugar,os católicos adoram, louvam e bendizem a obra do criador e redentor, a expressão perfeita de sua sabedoria e vitória. O culto aos santos desperta, nos que estão em estado de peregrinação, o desejo de chegarem à Jerusalém celeste, onde já se encontram os bem aventurados.” *
A doutrina católica diz que quando morremos, nossa alma é julgada e segue para seu destino, imediatamente (Hb 9, 27), por isso aqueles que morreram na justiça e santidade, agora estão na presença do Senhor, e por isso podem interceder por nós, até o dia da parusia de Cristo, onde os corpos mortais ressuscitarão. Assim como posso eu rezar por alguém, ou alguém rezar por mim, os santos, que estão com Deus na glória, o podem fazer também. “As testemunhas que nos precederam no Reino, especialmente as que a Igreja reconhece como ‘santos’, participam da tradição viva da oração pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e por sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra. Entrando "na alegria" do Mestre, eles foram "postos sobre o muito". Sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro.” (CIC 2683)
Para a maioria das doutrinas protestantes os mortos não estão ainda com Deus, eles ainda esperam o julgamento, por isso não admitem a intercessão. Os santos não cessam de orar por nós, intercedendo pelos nossos caminhos aqui, para atingirmos a perfeição. Nós vivemos na comunhão dos santos, onde a igreja celeste se mantém unida a igreja peregrina através de sua intercessão. “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio.” (CIC 956)
“Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida.” (São Domingos, moribundo falando a seus irmãos)
“Passarei meu céu fazendo bem na Terra” (Santa Terezinha do menino Jesus)
Deus escuta seus santos filhos, como escutou Abraão no caso de Sodoma (Gn 18, 16-33), como escutou Moisés no caso das serpentes (Nm 21, 7-8), como Deus escutou a voz de um homem, pela voz desse homem o Senhor fez o sol e a lua pararem, e Deus obedeceu a voz de um homem (Jos 10, 12-14). O senhor escuta seus filhos, por isso, em obediência a santa Igreja, que possui as chaves do céu, devemos venerar os santos canonizados, e rezar pedindo sua intercessão.
Deus é o único que se deve adorar, mas podemos sim venerar os santos, exemplo de vida que devemos seguir, Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (I tm 4, 5), mas os santos fazem parte do nosso plano de salvação, intercedem por nós, e com seu exemplo, animam nossa caminhada rumo ao céu.
CIC=Catecismo da igreja católica
*Publicações da CNBB-subsídio, Sou católico, Vivo minha fé, nº 02, pág’s 102-104
A INTERCESSÃO DOS SANTOS NA SAGRADA ESCRITURA
A Intercessão dos Santos é uma verdade que é professada desde os primórdios do cristianismo. Nela consiste que os heróis da fé, que constituem a Igreja triunfante, rogam junto a Deus, por aqueles que ainda estão terminaram a corrida, estes constituem a Igreja Militante.
Alguns grupos heréticos negam esta verdade, por não acreditarem que após a morte os heróis da fé podem rogar por nós.
A Sagrada Escritura dá forte testemunho da Intercessão dos Santos.
* O primeiro testemunho da Sagrada Escritura da intercessão dos Santos após a morte está no livro do profeta Jeremias: "E o Senhor disse-me: ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, a minha alma não se inclinaria para este povo; tira-os da minha face e retirem-se" (Jer 15, 1). No tempo de Jeremias, estavam mortos Moisés e Samuel, mas sua possível intercessão é confirmada pelas palavras do próprio Deus: "ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim...". Com efeito Moisés e Samuel poderiam se colocar diante de Deus para pedir clemência para com aquele povo. Portanto, está clara a possibilidade da intercessão após a morte.
* O segundo testemunho da intercessão dos santos após a morte está no segundo livro dos Macabeus: "Parecia-lhe [Judas Macabeu] que Onias, sumo sacerdote [...] orava de mãos estendidas por todo o povo judeu [...] Onias apontando para ele, disse: 'Este é amigo de seus irmãos e do povo de Israel; é Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa". (II Mac 15, 12-15). No tempo de Judas Macabeu, o sumo sacerdote Onias já era falecido, e além de estar orando por todo o povo de Israel, também a aponta para Jeremias, também falecido e que o acompanhava nas orações em favor dos israelitas. Aqui a Sagrada Escritura dá testemunho da intercessão de Onias e Jeremias, ambos falecidos.
* Nosso Senhor Jesus Cristo, na parábola do Rico e Lázaro (Lc 16:19-31), nos mostra que mesmo após a morte o Rico (que estava no inferno) pede a intercessão de Abraão (que estava no céu), pelos seus parentes. Jesus não contaria esta parábola se os santos que morreram na esperança do Senhor, não pudessem rogar pelos vivos.
* O livro do apocalipse é o livro que mais detalha o serviço que os Santos prestam a Deus. Eles se ocupam na oração (cf. Ap 5:8). Mas por que será que eles oram? Oram por nós que ainda estamos na caminhada. Encontramos também a seguinte passagem: "Quando abriu o quinto selo, vi sob o altar as vidas dos que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dela tinham prestado. E eles clamaram em alta voz: 'Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso sangue contra os habitantes da terra?' " (Ap 6:9-10). Os Santos estão pedindo por justiça e podem faze-lo porque estão na presença de Deus.
E não só podem orar, como oram e oferecem suas orações a Deus: "Outro Anjo veio postar-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe uma grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de todos os santos, sobre o altar de outro que está diante do trono." (Ap 8:3).
Portanto, pelos exemplos já aqui citados, fica mais que claro que os Santos não só podem, como também intercedem por nós. E por estarem nos assistindo pela Graça do Senhor (cf. Hb 12:1), também podem ouvir nossos pedidos de orações.
Texto em Latim (da Vulgata tradicional que foi utilizada pela Igreja Católica por + de 200 anos)
I- et dixit Dominus ad me si steterit Moses et Samuhel coram me non est anima ea ad populum istum eice illos a facie mea et egrediantur
Ieremiae XV, I
XII. erat autem hujusmodi visus Onian qui fuerat summus sacerdos virum bonum et benignum verecundum visu modestum moribus et eloquio decorum et qui a puero in virtutibus exercitatus sit manus protendentem orare pro omni populo Judæorum
XIII. post hæc apparuisse et alium virum ætate et gloria mirabilem et magni decoris habitudine circa illum
XIV . respondentem vero Onian dixisse hic est fratrum amator et populi Israël hic est qui multum orat pro populo et universa sancta civitate Hieremias propheta Dei
XV. extendisse autem Hieremiam dexteram et dedisse Judæ gladium aureum dicentem
II Maccabaeorum XV, XII - XV
XIX homo quidam erat dives et induebatur purpura et bysso et epulabatur cotidie splendide
XX et erat quidam mendicus nomine Lazarus qui jacebat ad januam ejus ulceribus plenus
XXI cupiens saturari de micis quæ cadebant de mensa divitis sed et canes veniebant et lingebant ulcera ejus
XXII factum est autem ut moreretur mendicus et portaretur ab angelis in sinum Abrahæ mortuus est autem et dives et sepultus est in inferno
XXIII elevans oculos suos cum esset in tormentis videbat Abraham a longe et Lazarum in sinu ejus
XXIV et ipse clamans dixit pater Abraham miserere mei et mitte Lazarum ut intinguat extremum digiti sui in aqua ut refrigeret linguam meam quia crucior in hac flamma
XXV et dixit illi Abraham fili recordare quia recepisti bona in vita tua et Lazarus similiter mala nunc autem hic consolatur tu vero cruciaris
XXVI et in his omnibus inter nos et vos chasma magnum firmatum est ut hii qui volunt hinc transire ad vos non possint neque inde huc transmeare
XXVII et ait rogo ergo te pater ut mittas eum in domum patris mei
XXVIII habeo enim quinque fratres ut testetur illis ne et ipsi veniant in locum hunc tormentorum
XXIX et ait illi Abraham habent Mosen et prophetas audiant illos
XXX at ille dixit non pater Abraham sed si quis ex mortuis jerit ad eos pænitentiam agent
XXXI ait autem illi si Mosen et prophetas non audiunt neque si quis ex mortuis resurrexerit credent
Lucam XVI, XIX - XXXI
XIII et cum aperuisset librum quattuor animalia et viginti quattuor seniores ceciderunt coram agno habentes singuli citharas et fialas aureas plenas odoramentorum quæ sunt orationes sanctorum
Apocalypsis Ioannis V, VIII
IX et cum aperuisset quintum sigillum vidi subtus altare animas interfectorum propter verbum Dei et propter testimonium quod habebant
X et clamabant voce magna dicentes usquequo Domine sanctus et verus non judicas et vindicas sanguinem nostrum de his qui habitant in terra
Apocalypsis Ioannis VI, IX et X
III et alius angelus venit et stetit ante altare habens turibulum aureum et data sunt illi incensa multa ut daret orationibus sanctorum omnium super altare aureum quod est ante thronum
Apocalypsis Ioannis VIII, III
Publicação: GJSS