VEM TEMPO NOVO!
Zé Vicente
Vem, ó tempo novo
Que eu te espero aqui
No campo dos meus sonhos!
Portas abertas,
Janelas escancaradas,
Desejos apetitosos,
Postos na mesa,
Com ervas finas
Cultivadas sem venenos,
Na nossa horta encantada.
Vem
Que ponho uma bela canção de amor,
Na voz de Betânia
Pra te acolher!
Chegue
Feito criança travessa
Saltando em cambalhotas
Por entre os raios do primeiro sol nascente,
Quando a noite ainda teima sobre nós!
Vem, ó ano pequeno,
Mínimo, por enquanto,
Que eu te preparo
Um brinde de poesia!
Depressa,
Que a gente fez a hora
E agora, uma Mulher altiva,
Cultiva flores de esperança no Planalto!
E o Cerrado e os Pampas
E as Matas (Amazônica e Atlântica)
E a Caatinga...
Se unem na cantiga maior e mais sublime
Da Pátria, toda mulher,
soberana e livre – Brasil!
Destampemos a champanhe,
Extravasemos a alegria,
Soltemos ao céus,
Os jovens fogos das cores de cá,
Incendiemos as estrelas velhas,
Plantemos as sementes criolas
E as adubemos com estercos
De nossos medos e preconceitos!
Na tua meia idade
Colheremos os frutos
Que a terra materna em ti,
Nos oferecerá
Os lavaremos nas águas sagradas
Da justiça!
Vem, ó tempo hoje,
Marcado em número ímpar
No calendário efêmero dos homens,
Cantado eterno
Na garganta quântica
Do universo!